19 janeiro 2012

(Des) Conforto

Há algum conforto no desconforto.

Tenho frio. Tenho um pequeno e ralo cobertor. Não ajuda muito, mas é o que tenho e já melhora alguma coisa.
Tenho fome. Há um pedaço de pão de ontem. Satisfaz... nos próximos 10 minutos. Mas existe e está lá para cumprir o seu papel. Satisfaz.
Quero sair daqui. Estou entediada. Tenho inúmeras coisas aliciantes, úteis e urgentes para fazer às quais não tenho acesso... AQUI. Mas já faltou mais tempo para a liberdade.

Há um certo conforto no desconforto. É o lado positivo. E precisa-se.

14 janeiro 2012

Ridículo

É só a mim que acontece ir ler coisas que escrevi há uns tempos e sentir-me tão imensamente ridícula? Ao ponto de às vezes chegar quase a corar?

É normal para mim arrepender-me de coisas que fiz e disse no passado sem grandes dramas. Acontece que, quando as coisas estão escritas, inexplicavelmente, quando volto a cruzar-me com elas, apodera-se de mim uma vergonha tão grande como se de repente tivesse ficado nua em plena missa de domingo. Não que frequente missas, mas, ainda assim, seria aborrecido.

E nem sequer estou a referir-me a textos mais "sérios"... Um simples recado; uma curta nota na agenda bastam para ecoar na minha cabeça em loop: "pfff...", "duh!", "que parva!", "olha-me esta...", entre outras.

Pior: quando vou ler textos do blog do tempo da maria caxuxa... isso então é de fugir! Só quero pintar a cara de preto. É uma sensação parecida àquela que temos quando ouvimos a nossa voz gravada e não estamos habituados.

Daqui a uns dias quando ler este post, nem quero pensar.


Desculpem lá. Façam de conta que não leram nada, pode ser?

Espelho meu, espelho meu

Qualquer semelhança é pura coincidência. Ou se calhar não.




Foto: Daniel Rodrigues/Global Images




13 janeiro 2012

Catroga

Ainda não tinha arranjado tempo para escrever aqui umas linhas sobre Eduardo Catroga.
A bem da verdade, talvez ainda não tivesse arranjado coragem, uma vez que, de há uns tempos para cá, cada vez que este nome surge na minha memória vem acompanhado de pêlos púbicos. E convenhamos que juntar Eduardo Catroga e pêlos púbicos no mesmo pensamento é, no mínimo, agonizante.

O que interessa é que o senhor está feliz porque, disse ao Expresso, 50% do que ganha vai direitinho para os impostos. Dá pena.

«Quanto mais ganhar, maior é a receita do Estado com o pagamento dos meus impostos, e isso tem um efeito resdistributivo para as políticas sociais».

Então talvez os 45 mil euros mensais mais a pensão de 9600 que aufere sejam pouco...

E ando eu aqui a perder tempo a escrever sobre um salário tão bonito, entre muitos. Tantos!
Ou seja, a perder tempo com «pintelhos», quando cada vez mais portugueses não têm dinheiro nem para comprar uma gilette para rapar os ditos.

06 janeiro 2012

Ainda o natal

Confesso que ainda me pasmo com a forma como algumas pessoas vivem o natal. De tal forma, que já estamos em dia de reis e ainda aqui ando eu a bater no ceguinho, entenda-se, no natal.
Não sou crítica ao ponto de arrasar com quem ainda acredita no menino jesus. Literalmente! Mas custa-me TANTO receber messagens como estas:

«A todos desejamos um Feliz Natal! Podem contar connosco! Portugal é cada um de nós! Todos nós somos Portugal!»

A minha primeira reacção foi pensar que era uma brincadeira. Mas não.
E é aqui que começa a minha aversão ao natal... Quando se aproveitam da quadra em que todos somos bonzinhos e amigos (not!) para tentar impingir as maiores balelas e os maiores barretes!
Façam-me um favor: parem de ser estúpidos a tentarem fazer os outros de ainda mais estúpidos!


Ainda sobre a mensagenzeca de natalinho...
Há destas também:

«Talvez a crise se prolongue. Talvez a dúvida nos abale. Mas, mesmo assim, continuemos a viver intensamente o gosto de partilhar os afectos, o calor dos encontros, a solidariedade de nos darmos.»

Até fico contente por saber que ainda há pessoas que vivem o natal desta forma.
No fundo como eu já vivi. E aqui admito que se calhar não aprecio esta época por puro ressabianço. É verdade. Mas não gosto. Posso? Posso não ser hipócrita na quadra mais hipócrita do ano?