30 agosto 2007

Uma chama imensa...

O Benfica…
Antes de mais quero felicitar a grande instituição que é o Sport Lisboa e Benfica e todos os seus adeptos e simpatizantes pela vitória que impôs ontem ao Copenhaga a contar para a Liga dos Campeões, num jogo bonito e eficaz.
Parabéns a todos e obrigada por dignificarem mais uma vez o nome de Portugal!

Depois de decorrido o primeiro parágrafo deste post, quem me conhece, ou está a temer pela minha saúde mental ou está a pensar: "O que é que vem por aí?...”.
Nada disso!
O Benfica é incontestavelmente um grande clube. Sério! É mesmo muito grande. Não são seis milhões? Ninguém pode negar que é enorme, é verdade. Mas faz-me confusão que não distingam a quantidade da qualidade. Não quero com isto dizer que o SLB e os seus seguidores não tenham valor.
Mas admitam… o facto de serem realmente muitos (ou “BUÉS” ou “mais c’às mães”), como adoram dizer, não faz de vós (nem de ninguém) necessariamente os melhores do mundo.

Frase preferida dos benfiquistas: “Somos os maiores!!!”.
Podiam dizer, por exemplo, “Somos os mais numerosos!!!”. Mas também percebo que não o façam com grande ligeireza, porque a verdade é que não existe nada que o comprove. Nem sequer o senso comum.

Parece que o Benfica é o clube do mundo com mais adeptos. E sócios. Até entrou para o Guinness World Records Book e tudo.
Eu compreendo a excitação face a esta proeza (ou talvez não compreenda assim lá muito bem, confesso), mas, sem querer desiludi-los…
Sabem que… existe… de facto… uma vaga, ou não tão vaga quanto isso… possibilidade de não ser bem assim?
Toda a gente sabe que o Guinness World Records Book é uma instituição, tal como o Benfica, séria e credível. Aliás, isso é perfeitamente notório a avaliar pelo tipo de feitos a que se dedica a certificar e a registar: o maior pão do mundo; o maior arjamolho à confrade algarvio; a pessoa que conseguiu aguentar mais tempo a cavalgar uma abelha… Tudo coisas de extrema preponderância para o mundo em que vivemos.
Assim sendo, é óbvio que o Guinness se dedicou também aplicadamente a fazer inquéritos a toda a população do planeta para apurar, em todos os lares dos cinco continentes, quantas «chamas imensas» ardem por esse mundo fora. Quantas «papoilas saltitantes» vibram com o SLB.
O próprio Benfica tem dados surpreendentes sobre o grau de benfiquismo da população mundial, como refere José António Lima num artigo intitulado O Mito do Saloio, publicado no jornal desportivo A Bola:


«Há muito que se sabia que o mito dos 6 milhões de adeptos benfiquistas em Portugal era uma ficção. Ao longo das últimas décadas foram várias as sondagens e estudos de opinião que colocaram bem mais abaixo o volume de apoiantes do clube da Luz.

(…), agora é o próprio Benfica a desmentir a invenção dos 6 milhões. Tendo, porventura, a noção de que certos exageros são insustentáveis a prazo e de que algumas ilusões, além de efémeras, acabam por se tornar contraproducentes.
(…)
Insistentemente propalada aos quatro ventos, interiorizada por muitos como verdade oficial, utilizada como último e definitivo argumento em momentos de crise ou infortúnio - mas, em qualquer circunstância, uma fantasia.
(…)
Mas o estudo encomendado pelo Benfica, supõe-se que da empresa Aximage, não podendo confirmar, longe disso, os tais 6 milhões, dispara para outras alturas e direcções.
E descobre que há, no mundo, nada mais nada menos do que… 14 milhões de benfiquistas! Se, em Portugal, não chegam aos 5 milhões, essa penosa redução do contingente de adeptos é compensada com reforços prodigiosos fora de portas: quase 4 milhões de benfiquistas em Moçambique, perto de 3 milhões em Angola ou meio milhão só no Canadá. Sem esquecer os 153.584 benfiquistas encontrados na África do Sul, os 116.790 residentes na Indochina ou os 5699 que foram descobertos ao sol das Caraíbas. Tudo somado, e contando com os quase 100 mil seguidores da causa benfiquista em terras tão improváveis como a China ou a Austrália, dá mais de 14 milhões.Sem querer desmerecer da boa vontade do estudo, vale a pena atentar com mais vagar e atenção nalguns números. Em Moçambique, por exemplo, existirão 3.803.123 benfiquistas (e 123 porquê? de onde virá tamanha exactidão? a sondagem foi feita pelo telefone? em urna fechada? Mistérios…). Ora, isso significa que mais de 20 por cento de toda a população moçambicana é benfiquista. Uma falange de adeptos que deve fazer inveja ao Ferroviário de Nampula, ao Desportivo do Maputo ou ao Maxaquene, campeões moçambicanos que nem um terço desses adeptos podem apresentar como cartão-de-visita.O mesmo se passa em Angola, onde o Petro de Luanda, o 1.º de Agosto, o Sporting de Cabinda ou, para não ir mais longe, o Benfica do Lubango se vêem impotentes perante a multidão de 2.784.202 (e 2? porquê 2?) adeptos do clube lisboeta. (…)»

E o estudo continua neste magnífico tom de entusiasmo, colocando um sem número de adeptos em países que toda a gente reconhece obviamente como sendo de tradicional alma benfiquista como a Islândia, a China, o Vietname, o Cambodja e por todo o mar das Caraíbas.

Parece que existem alguns problemas matemáticos na Luz.
E não é só no que toca à contabilização de sócios. Por exemplo, não entendo como é que um resultado numa partida de futebol de 6-3 é considerado mais escabroso do que um 7-1. Será porque o 6-3 é mais recente? Então também não entendo a razão da evocação permanente e constante exaltação das glórias que datam do tempo da Maria Caxuxa. Aliás, do tempo do Salazar, quando andava nas bocas de toda a gente: "Quem não é do Benfica não é bom chefe de família!". Maravilhas do Estado Novo.

Não pensem que não gosto do Benfica.
Eu até acho o Benfica querido. Sério! Tem aquele tipo de ingenuidade infantil que responde às perguntas difíceis com um terno "Porque sim!".
Aqui há tempos até vi algures num blog um post que dizia que o Bart Simpson era do Benfica desde pequenino. Achei perfeito! Já viram como eles se comportam à mesa? A comer de boca aberta e com as mãos? E a arrotar que nem… sei lá o quê? E a forma delicada como tratam os vizinhos?

Opá! São tão queridos!

17 agosto 2007

Tempo

Acabaram as férias.
É uma altura em que o Tempo se depara diante de mim de uma forma mais inequívoca do que em qualquer outra.
Vejo-o na minha vida como um bem, apesar das contrariedades com que por vezes me ataca, como, por exemplo, a idade que vai passando sem que tenha feito algumas coisas que queria já ter feito ou a ansiedade de que algo aconteça.

Este rosto negativo do Tempo não chega, porém, para me fazer odiá-lo. Amo o Tempo. É a entidade mais pura que conheço, a mais reveladora, para o bem e para o mal. Mas sempre para a verdade.

Tem-me feito muito bem, o Tempo. Os erros que cometi, ele não apaga, mas revela-os e amadurece-os para que possa aprender com eles. Aquilo que não foram erros, leva-os consigo para que eu não tenha que carregá-los. É incrível como me consola e me justifica tudo o que faço.
Quanto às coisas boas que fiz, emoldura-as para que eu possa pendurá-las nas paredes da galeria onde vou às vezes.

Percam tempo a viver a vossa vida, porque vale a pena. Mas NUNCA percam o Tempo. O querido Tempo.