17 dezembro 2007

Eyes Wide Shut


Esta é a altura do ano em que "as pessoas é boazinhas”.
O natal deprime-me.
Ninguém tem coragem de admitir que o melhor do natal são as prendas e o subsídio.

Magoa-me ver todas as campanhas de solidariedade que surgem nesta quadra como cogumelos. Os anúncios de televisão de supermercados em parceria com vedetas bem vestidas. E o resto do ano? E quem passa fome todo o ano? E as crianças que não têm saúde, nem pais, nem tecto o resto do ano?... O resto da vida.

…Dói!

A solidariedade, a verdadeira solidariedade, vai muito para além do natal. Vai muito para além de dar dinheiro.
Eu vejo a solidariedade em entidades como a UNICEF, a AMI, entre outras semelhantes, que, com voluntários que deixam de ter o natal bonito que todo o mundo tem, a vida confortável que toda a gente leva, para DAR. Simplesmente para DAR TUDO… cuidados, colo, amor, carinho… Todo o ano.

E já que se fala em natal, uma festa religiosa, ocorre-me referir a posição do vaticano.
Só mesmo com uma fé descomunal se pode acreditar que deus resolve tudo.
É muito fácil: nadam em luxo, do mais chocante que há, mas põem nas mãos de deus a justiça entre os homens.

Como escreveu Salman Rushdie:

«Ninguém pode olhar o mundo de frente se tiver os olhos constantemente abertos».